Escrito Por Guga Machado
O número “ideal” de marchas de uma bicicleta (e como
utilizá-las) é um assunto bem polêmico e extenso. Minha intenção neste post é
dar algumas dicas para você melhorar sua performance e aproveitar melhor sua
bicicleta, sem entrar profundamente na matéria.
Nosso objetivo nesta matéria é falar um pouco sobre como podemos fazer uso correto das marchas em
nossas bicicletas, quaisquer que sejam.
Para começar, a transmissão da bicicleta é constituida
basicamente pela corrente, pelos câmbios (dianteiro e traseiro), pelos
trocadores (e cabos e demais partes constituintes), pelas coroas e pelo
cassete. São nestes dois últimos que vamos nos focar.
Infelizmente, de maneira geral, os ciclistas tendem a não
utilizar o conjunto coroa-cassete para usufruir de toda a performance e
conforto que a bicicleta pode oferecer. Além disto, o uso inadequado diminue
bastante a vida útil de tais componentes.
Basicamente, as marchas mais altas oferecem mais
resistência na pedalada. Quando selecionamos uma marcha mais pesada do que o
trecho solicita, normalmente teremos que fazer mais força e diminuir a
cadência.
Recentemente, com o avanço das tecnologias, o ciclista
Lance Armstrong demonstrou que girar mais lentamente do que a cadência ideal,
utilizando-se mais força, gera perda de performance e, principalmente
desperdício de energia.
Ao adotar o uso de uma marcha mais leve e uma cadência mais
rápida, Armstrong superou seus concorrentes que estavam ainda “presos ao velho
paradigma” de que o ideal era fazer muita força ao pedalar, com um giro menor.
Além disto, ao utilizar uma marcha muito “pesada” para o trecho, o ciclista
corre um grave risco de distensão muscular e lesão nas
articulações, particularmente nos joelhos e nos quadris.
As marchas mais baixas, por sua vez, são indicadas para
trechos de subida porque deixam o pedal mais fácil de girar, ficando mais
simples girar numa cadência alta. É claro que se estivermos num trecho de
descida, ao utilizarmos as marchas mais baixas não aproveitaremos a força da
pedalada. A cadência mais alta do que o ideal permite fazer menos força, mas de
tanto “girar”, você pode se cansar muito cedo.
Na prática, podemos observar que:
- quando a corrente estiver sobre a coroa interior (a
menor), procure utilizar as catracas maiores, desde as mais internas (mais
próximas do cubo), até as do meio para não cruzar a corrente.
- quando a corrente estiver sobre a coroa exterior (a
menor), utilize as catracas menores (as mais externas, próximas ao câmbio) também para não cruzar a corrente.
- procure sempre antecipar seus percursos, ou seja, antes de
iniciar uma subida, troque de marcha com antecedência. Antes de a velocidade
começar a reduzir, troque para uma marcha menor (coroa menor dianteira e
catraca maior traseira), aliviando a pressão das pernas.
- não antecipe demais a mudança de modo a perder seu
esforço. Porém, a troca de marcha durante uma subida, além de ser perigosa
(poi, devido à tensão da subida a marcha pode não entrar e ocasionar um tombo)
pode danificar sua transmissão. Lógico que esta percepção ocorrerá com o tempo,
a medida em que você conhecer mais seu equipamento e, principalmente, seus
limites!
- nas descidas, aproveite para pedalar! Isto ajuda muito a
fazer o ácido lático acumulado nos músculos circular, evitando as famosas
caimbras! Troque para uma marcha mais pesada, (coroa grande e catraca pequena),
e continue a manter sua velocidade!
- sempre que possível, evite o famoso “cruzamento da
corrente“. Este ocorre quando temos uma angulação errada entre a coroa e o
cassete (coroa maior e catraca maior ou coroa menor e catraca menor),
ocasionando uma tensão lateral na corrente. Eu já vi muita corrente quebrando
por causa disto…
- evite também mudar de marcha quando estiver fazendo força
no pedal. O ideal é que, ao mudar de marcha, você alivie ligeiramente a pressão
da perna no pedal. Isto faz com que a marcha entre de maneira mais “suave”,
prolongando a vida útil do conjunto.
Apesar de já termos falado algo por aqui, vamos relembrar um
pouco o conceito de cadência.
Por definição, cadência é o número de vezes por minuto que o
ciclista completa uma volta no pedal (360′). A medida então é RPM, ou rotações
(que o pedivela completa) por minuto.
Posto isto, o ideal é que a cadência seja costante,
independente do tipo e do relevo do terreno – daí a necessidade de saber
trabalhar direito com as marchas.
Assim, o ciclista deve procurar uma cadência que lhe
proporcione conforto e economia de energia durante o movimento, uma vez que não
existe uma cadência melhor que a outra: a melhor é a que apresenta equilíbrio
entre a velocidade das duas pernas e a força exercida sobre os pedais.
De um modo geral, a cadência ideal para o aquecimento
(primeiros dez minutos) é de 40 a 60 RPMs. Pode-se utilizar também esta
cadência quando estamos realizando um passeio ou treinos de recuperação (quando
ficamos mais de um mês sem pedalar). Após o aquecimento, o ideal é mantermos a
cadência entre 70 e 90 RPMs.
Existem no mercado hoje diversos aparelhos capazes de medir
esta cadência, que vão desde ciclocomputadores até monitores de frequência
cardíaca com funções de ciclismo. Mas, se você não quiser comprar um aparelho,
basta usar um relógio e contar quantas voltas completas realizamos no pedivela
durante um minuto.
Lembre-se de sempre manter sua corrente lubrificada e,
quando notar rangidos e/ou dificuldades para cambiar, tente consertar você prório ou leve a bicicleta no
mecânico de sua confiança